Avanços na Neurociência: Destaques do 35º Congresso Internacional de Neuropsicofarmacologia (CINP)
Avanços na Neurociência: Destaques do 35º Congresso Internacional de Neuropsicofarmacologia (CINP)
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Highlights do 35º Congresso Internacional de Neuropsicofarmacologia (CINP)
O 35º Congresso Internacional de Neuropsicofarmacologia (CINP), realizado recentemente em Tóquio, Japão, reuniu pesquisadores, médicos e especialistas de renome mundial para discutir os mais recentes avanços, pesquisas e descobertas no campo da neuropsicofarmacologia, psiquiatria e neurociências. Como principal portal de conteúdo científicos e tendo a missão de atualizar a nossa classe médica, apresentamos neste artigo os principais destaques e inovações compartilhados durante os quatro dias de congresso.
Confira os assuntos abordados nesse artigo:
- Depressão Resistente ao Tratamento (DRT) - Estratégias e abordagens farmacólogicas
- Neuroplasticidade - Relação com a depressão, tratamento promissor e terapias digitais
- Estudo promissor da Vortioxetina
- Efeitos positivos na cognição e anedonia
- Efeito colateral associado ao uso prolongado de antipsicóticos
- Recomendações terapêuticas do guideline da Associação de Psiquiatria Americana de 2020
Depressão Resistente ao Tratamento: Abordagens Terapêuticas Emergentes
Um dos temas centrais do congresso foi a depressão resistente ao tratamento (DRT), que afeta uma parcela significativa dos pacientes com transtorno depressivo maior. Durante a sessão "Meet The Experts", renomados especialistas, como o Dr. Pierre Blier (Canadá), Dr. João Quevedo (Brasil/EUA) e Dr. Pedro Lima (Brasil), apresentaram casos clínicos desafiadores e discutiram estratégias terapêuticas inovadoras para o manejo da DRT. Abordagens farmacológicas promissoras foram destacadas, incluindo o uso de aripiprazol como agente potencializador de antidepressivos e a utilização de ketamina e esketamina, que têm demonstrado efeitos antidepressivos rápidos e robustos em estudos clínicos. Além disso, a eletroconvulsoterapia (ECT) foi apontada como uma intervenção eficaz para a DRT, com evidências preliminares (o estudo está em andamento) sugerindo seu potencial em promover a neuroplasticidade e a neurogênese em regiões cerebrais críticas para a regulação do humor, como o hipocampo e a amígdala.
Neuroplasticidade e Terapias Digitais: Novas Fronteiras no Tratamento da Depressão
A relação entre a depressão e a neuroplasticidade foi amplamente explorada durante o congresso. Pesquisas recentes têm elucidado os mecanismos subjacentes às alterações na plasticidade cerebral associadas à depressão, incluindo a redução da neurogênese hipocampal e a diminuição da densidade sináptica em circuitos neurais envolvidos no processamento emocional e cognitivo. Intervenções que modulam a neuroplasticidade, como a estimulação cerebral não invasiva e agentes farmacológicos específicos, foram discutidas como estratégias terapêuticas promissoras. Outro tópico em evidência foram as terapias digitais e seu potencial no tratamento da depressão. Estudos têm investigado a eficácia e a viabilidade de intervenções baseadas em tecnologia, como aplicativos móveis e programas computadorizados de terapia cognitivo-comportamental. Questões relacionadas à privacidade de dados, validação científica e adesão dos pacientes foram abordadas, ressaltando a necessidade de uma integração cuidadosa dessas ferramentas na prática clínica.
Avanços na Farmacoterapia: Vortioxetina, Psicodélicos e Discinesia Tardia
O congresso também destacou avanços significativos na farmacoterapia dos transtornos mentais. A vortioxetina, um antidepressivo multimodal, foi discutida em relação aos seus efeitos positivos na cognição e na anedonia, sintomas que frequentemente persistem mesmo após a remissão dos sintomas depressivos. Estudos têm demonstrado a eficácia da vortioxetina em melhorar a função cognitiva e a capacidade de experimentar prazer, impactando positivamente a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes. Alinhados com os recentes estudos sobre essa mólecula, estamos lançando nesse mercado um tratamento inovador com princípio ativo de vortioxetina. Clique aqui para acessar a monografia. O potencial terapêutico dos psicodélicos, como a psilocibina e a ayahuasca, foi outro tema abordado. Pesquisas preliminares têm sugerido que essas substâncias podem induzir alterações neuroplásticas e promover efeitos antidepressivos duradouros em pacientes com depressão resistente ao tratamento. No entanto, foram ressaltadas a necessidade de mais estudos controlados e a importância de estabelecer protocolos de segurança e ética para o uso clínico dessas substâncias. No âmbito dos antipsicóticos, a discinesia tardia foi discutida como um efeito colateral significativo associado ao uso prolongado desses medicamentos. O guideline de esquizofrenia da Associação de Psiquiatria Americana de 2020 foi destacado, recomendando o uso de inibidores reversíveis do transportador de monoamina, como a valbenazina e a deutetrabenazina, para o manejo dessa condição.
Perspectivas Futuras
Os avanços apresentados refletem o progresso contínuo na compreensão dos mecanismos subjacentes aos transtornos mentais e no desenvolvimento de intervenções terapêuticas mais eficazes e personalizadas. À medida que a neuropsicofarmacologia evolui, a integração de abordagens farmacológicas, psicológicas e tecnológicas se torna cada vez mais relevante. A busca por biomarcadores, o uso de inteligência artificial e a exploração de novos alvos terapêuticos são áreas promissoras para futuras pesquisas. O congresso destacou a importância da colaboração interdisciplinar e do diálogo contínuo entre pesquisadores, clínicos e a indústria farmacêutica para traduzir descobertas científicas em avanços tangíveis para a saúde mental. Com o compromisso inabalável da comunidade científica, esperamos testemunhar e corroborar com os progressos significativos no diagnóstico, tratamento e prevenção dos transtornos mentais nos próximos anos.