A relação entre a COVID-19 e o aparecimento de arritmias cardíacas

A relação entre a COVID-19 e o aparecimento de arritmias cardíacas

A relação entre a COVID-19 e o aparecimento de arritmias cardíacas

Publicado porEMS

A pandemia de COVID-19, desencadeada pelo coronavírus SARS-CoV-2, trouxe consigo não apenas desafios de saúde pública, mas também revelou uma série de complicações cardiovasculares associadas à doença.

Desde seus primeiros registros na China até sua declaração como pandemia global pela Organização Mundial da Saúde em março de 2020, o mundo tem testemunhado uma mobilização sem precedentes da comunidade médica e científica na busca por tratamentos eficazes e respostas para as diversas manifestações clínicas do vírus.

No Brasil, onde os casos confirmados ultrapassaram a marca de 3 milhões em agosto de 2020, o impacto da COVID-19 na saúde cardiovascular não passou despercebido.

Complicações como injúria miocárdica, arritmias, miocardite e insuficiência cardíaca têm sido relatadas em séries de casos, levantando questões sobre os mecanismos fisiopatológicos envolvidos e os desafios no manejo clínico desses pacientes. 

Neste texto vamos explorar a relação entre a COVID-19 e as arritmias cardíacas, que têm surgido como uma possível consequência da infecção pelo coronavírus.

Abordaremos os mecanismos fisiopatológicos subjacentes, os fatores de risco envolvidos e as implicações clínicas dessas arritmias em pacientes afetados pela doença. 

Análise das Complicações Cardíacas em Pacientes com COVID-19 

Um estudo de coorte publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia em 2021 e realizado com pacientes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, monitorou, entre março e julho de 2020, pacientes com COVID-19.

Entre seus objetivos estava compreender a incidência de complicações cardíacas, especialmente arritmias, durante a internação destes pacientes.

A pesquisa envolveu a revisão minuciosa dos prontuários médicos eletrônicos de 241 pacientes consecutivos, com diagnóstico confirmado por RT-PCR de aspirado nasofaríngeo. 

Os objetivos principais do estudo foram analisar as características clínicas e os desfechos dos pacientes com COVID-19, com foco na ocorrência de complicações cardíacas.

Durante a análise, foram coletadas informações demográficas, comorbidades, desfechos da internação (óbito ou alta hospitalar) e ocorrência de eventos como parada cardiorrespiratória e arritmias cardíacas.

Os resultados forneceram insights valiosos sobre a relação entre a infecção por COVID-19 e as complicações cardiovasculares, contribuindo para uma melhor compreensão e manejo da doença. 

Incidência de Arritmias em Pacientes com COVID-19 

Os resultados do estudo de coorte revelaram dados importantes sobre a relação entre COVID-19 e complicações cardíacas, especialmente arritmias. Dos 241 pacientes incluídos na pesquisa, a maioria tinha uma idade média de 57,8 anos, sendo 51,5% homens e 80,5% de raça branca.

A análise demonstrou que a mediana do tempo de internação foi de 9 dias, com uma proporção significativa de pacientes necessitando de ventilação mecânica (VM), e aqueles que apresentaram arritmias cardíacas tendiam a ter um tempo de internação mais prolongado.

A mortalidade geral foi de 26,6%, sendo mais elevada entre os pacientes que precisaram de VM em comparação com aqueles que não precisaram. 

A incidência de arritmias cardíacas foi observada em 8,7% dos pacientes, sendo as taquiarritmias atriais sustentadas as mais comuns.

Os resultados também mostraram que pacientes com arritmias apresentaram uma taxa de mortalidade mais alta em comparação com aqueles sem arritmias.

Além disso, a presença de insuficiência cardíaca foi identificada como um fator de risco significativo para o desenvolvimento de arritmias cardíacas.

Esses achados destacam a importância da monitorização e manejo cuidadoso de pacientes com COVID-19, especialmente aqueles com histórico de doenças cardiovasculares preexistentes. 

Resultados e Implicações da Pesquisa 

Os resultados deste estudo destacam a prevalência significativa de arritmias cardíacas em pacientes internados com COVID-19, com uma incidência de 8,7%.

Especificamente, observou-se uma associação entre a presença de insuficiência cardíaca e um maior risco de desenvolvimento dessas arritmias, apontando para a importância da vigilância ativa e do manejo adequado desses pacientes durante a internação. 

Esses achados reforçam a necessidade de uma abordagem multidisciplinar no tratamento de pacientes com COVID-19, com atenção especial aos aspectos cardiovasculares.

Além disso, ressaltam a importância contínua da pesquisa para entender melhor as implicações cardíacas dessa doença viral, buscando estratégias de prevenção e tratamento mais eficazes para melhorar os desfechos clínicos dos pacientes. 

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Referência Bibliográfica 

PIMENTEL, Mauricio; MAGALHÃES, Ana Paula Arbo; NOVAK, Camila Valvassori; MAY, Bruna Miers; ROSA, Luiz Gustavo Bravosi da; ZIMERMAN, Leandro Ioschpe. Arritmias Cardíacas em Pacientes com COVID-19. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Novembro de 2021. Disponível em: scielo.br/j/abc/a/pg4XNQvSXtYBLDR64VyLDdh/?format=pdf&lang=pt 

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